Danço a Vida...

"Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor. Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo. Quando falhar que eu me conceda o perdão. Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo." (Rae Beth)

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Relatos sobre o Monstro!!!

Amei isso... me senti um pouco monstro, um pouco fotógrafo... enfim, Sóter acha que foi sem querer e que foi por instinto... concordo com ele e acho ainda que é por isso que ele se esconde e que isso sempre acontece... o texto é lindo e quem escreveu é de uma sensibilidade sem tamanho (Acqualung)... e quem ilustrou nem preciso dizer nada!

"Em algum ponto do Mediterrâneo, onde um noroeste soprante dava vida ondular na superfície superazul do mar, foi que subiu bolhas glubglubianas, últimos fôlegos do aventureiro fotógrafo Sean, ansioso para documentar aquela besta-fera dos oceanos, até então objeto de lenda que assustou crianças, jovens e adultos durante os séculos.Desçamos algumas dezenas de metros para onde se passou o fato.A aberração marinha, por vezes chamada de Tubarraia, outras de Aqualung, foi fruto de experiências pra lá de estranhas financiadas por Ong´s alternativas em algum país da Am. Central, nesse caso houve uma mistura de genes de ser humano e tubarão, inseminados cuidadosamente no útero de uma arraia que acidentalmente fugiu do lugar, vindo a parir no mar.A primeira vez que se teve notícia da cria foi graças ao bip sequencial e ao diodo de luz que brilhava na tela de controle de um submarino russo, informação contrabandeada meses depois para o Boureau americano, que conhecidos pela sua mania obsessiva de patentear descobertas enviaram um experiente fotógrafo, correspondente do National Geographic, para uma visita ao local pré-localizado por poderosos satélites e sondas marinhas.Senão quando na tarde de um verão em que o Sol fazia questão de não deixar de esquecer o calor de sua estação, Sean Door deu os derradeiros tragos de H2O, crente que essa seria mais uma aventura bem-sucedida, afinal ele já havia mergulhado em enérgicos cardumes de tubarões-branco, o que lhe dava a confiança e a certeza de que nada de mal poderia lhe acontecer. Mero erro.No mesmo instante a criatura mito-folclórica supra-citada ziguezagueava no fundo com frenéticos e espiralados movimentos, denunciando um certo nervosismo, cujo motivo é narrado no parágrafo abaixo.Acontece que o pseudo-monstro desenvolveu um certo raciocínio, e com ele a noção do absurdo da vida, e para completar o silogismo, nosso monstro precisava de remédios para dores, principalmente as psicológicas.Eis o ponto nevrálgico do nervosismo em questão, fazia algum tempos que uma turma de barracudas vinham limpando o bosque de ervas sagradas da região para orgias dionísicas onde tudo era permitido, um verdadeiro fuzuê,e com isso, descontrolando o abastecimento mental do bicho-doido.Carreguem a cabeça do mito-monstro com a noção geral da palavra abstinência, assim fica menos trágico o grand finalle que vem tropeçando.30, 40, 70, 90 metros, Sean Door mergulhava e começava a sentir os efeitos da pressão, tudo começava a ficar confuso quando o fotógrafo viu ao longe algo promissor por detrás de algumas rochas, sentiu aquela vibração de fotógrafo selvagem, sentiu o orgulho de ser o primeiro a ver o bicho, sentiu também medo.Fez bem em sentir, pois o flash da máquina foi acionado somente uma vez, um certeiro movimento ninja-caudal da víbora subversiva gerou uma descarga elétrica de 5.000 Wolts no pobre do Sean, que minguou segundos de dores infernais, até seu cérebro explodir e a máquina fotográfica subir graças a um dispositivo emergético de emergência.Enfim, afora essa foto, pouco ou nada se sabe dessa criatura, especula-se que hoje ela ronda as águas quentes do Pacífico, sempre atrás de ervas calmantes ou plânctons delirantes, ouvindo a surda música do mundo aquático e ocasionalmente encantando navegadores incautos, figurando ao lado do Dragão de Komodo como lenda viva, terrível e perversa, elétrica e alucinada, sempre atrás do barato perfeito onde quer que haja água." -
Texto do Aqualung encima do desenho do Sóter França.


Ao som de "Song to the Siren - This Mortal Coil"